terça-feira, 15 de novembro de 2022

#FERREIRA GULLAR. Poema sujo

 

No dia da Proclamação da República, aqui no Brasil, 15 de novembro, minha homenagem a esse grande brasileiro, Ferreira Gullar.

   Um dos grandes nomes da poesia concreta brasileira, a quem tenho enorme admiração o maranhense Ferreira Gullar recebeu o importante Prêmio Camões em 2010 e, quatro anos mais tarde, se elegeu membro da Academia Brasileira de Letras.

Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira, foi um escritor, poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro e um dos fundadores do neoconcretismo. 
Nascimento: 10 de setembro de 1930, São Luís , Maranhão / Brasil
Falecimento: 4 de dezembro de 2016, Rio de Janeiro/ Brasil

Os seus versos, engajados, foram fundamentais para denunciarem a situação política e social brasileira. 

Poema sujo, escrito enquanto estava exilado em Buenos Aires durante a ditadura militar, é a sua produção poética mais conhecida, relembre um pequeno trecho abaixo:

Mas sobretudo meu
                      corpo
                      nordestino
         mais que isso
                      maranhense
         mais que isso
                      sanluisense
         mais que isso
                      ferreirense
                      newtoniense
                      alzirense
meu corpo nascido numa porta-e-janela da Rua dos Prazeres
                      ao lado de uma padaria
                      sob o signo de Virgo
                      sob as balas do 24o BC
                      Na revolução de 30
e que desde então segue pulsando como um relógio
                      num tic tac que não se ouve
(senão quando se cola o ouvido à altura do meu coração)
                      tic tac tic tac
enquanto vou entre automóveis e ônibus
                      entre vitrinas de roupas
                      nas livrarias
                      nos bares
                      tic tac tic tac
pulsando há 45 anos

                    esse coração oculto

pulsando no meio da noite, da neve, da chuva
debaixo da capa, do paletó, da camisa
debaixo da pele, da carne,
combatente clandestino aliado da classe operária
                      meu coração de menino

sábado, 15 de outubro de 2022

# CEM ANOS - SEMANA ARTE MODERNA - 1922/2022

 

 EM FEVEREIRO DESTE ANO, 2022, COMPLETOU CEM ANOS DO ACONTECIMENTO QUE REVOLUCIONOU SUA ÉPOCA , 1922, ORGANIZADO POR GRUPO DE INTELECTUAIS E ARTISTAS, EM SÃO PAULO,  A NOSSA MARAVILHOSA SEMANA DE ARTE MODERNA. 


          Resgatando essa fase está acontecendo uma  exposição que iniciou em  9 de julho de 2022 a 29 de janeiro de 2023, contando com projetos comissionados de artistas contemporâneos e um recorte das principais obras modernistas presentes nas coleções do MAM Rio. 

Um passeio nas obras  de Anita Malfatti: 

Anita Malfatti (1889-1964)
Índia, 1917 ,pastel sobre papel . Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio

Filha de mãe americana e pai italiano, Anita Malfatti já havia estudado em Berlim, Paris e Nova York quando fez sua primeira individual em São Paulo, em 1917, mostrando 28 pinturas, das quais duas fazem parte da coleção do MAM Rio.


O Farol, 1915
óleo sobre tela
Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio

O Barco, 1915
óleo sobre tela
Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – Patrocínio White Martins


https://mam.rio/programacao/centenario-da-semana-de-arte-moderna-de-1922/

domingo, 18 de setembro de 2022

#Os contos de fadas

     

    O estudo dos Contos de Fadas é um instrumento valioso em arteterapia para o entendimento do psiquismo humano. Os contos de fadas representam o fenônemo universal, mítico, de nosso inconsciente coletivo, que quando se revela favorece a compreensão de nossa psique o que nos leva ao processo de individuação.

       Os contos de fadas revelam desde sempre em suas narrativas as questões do nosso destino, de nossa vida , quer de forma simbólica e/ou realística , os homens tem a necessidade de falar destas narrativas , que geram mistérios, mitos, fascínio, que por todas as gerações vem deixando a sua marca arquetipicamente.
       A estrutura básica dos Contos de Fadas referem-se ao que Jung chama de processo de individuação, que se expressa por situações de dualidade, polaridade oposta. Sendo a consciência e o inconsciente os grandes contrastes nos quais os contos de fada se desenrolam , e no qual os conteúdos do inconsciente podem surgir no processo arteterapêutico, favorecendo o processo de individuação, facilitando a descoberta da sua identidade , possibilitando a comunicação desta experiência para ampliar a percepção da questão do conflito e sua possível resolução.
    Etapas, que ocorrem na narrativa dos contos de fadas:


    1-UNIÃO DOS OPOSTOS – GERMINAÇÃO – FLORESCIMENTO-TRANSCENDÊNCIA
    2-INÍCIO DO PROCESSO DE DESCOBRIR O NOVO – POSSIBILIDADES-POTENCIALIDADES- POLARIDADE OPOSTA
    3- CONFRONTO – SUPERAÇÃO DE OBSTÁCULOS E PERIGOS
    4- RUPTURA- DESLIGAMENTO DE UM ESTÁGIO DA VIDA
    5- INÍCIO – RESTRIÇÃO E DESLOCAMENTO


    Jane

quarta-feira, 15 de junho de 2022

INFINITAMENTE MAIS - DE GERALDO EUSTÁQUIO DE SOUZA


Se você acredita que pode, poderá
porque vontade gera energia
e a disposição de fazer
é o começo da obra já concluída

A descrença e o desânimo de hoje
é o combustível que alimenta
o fracasso e a derrota em todas as épocas
Os homens que aí estão
de uma forma ou de outra
são os mesmos que sempre aí estiveram
e que com todas as suas manobras
jamais conseguiram adiar por muito tempo'
a marcha da humanidade rumo a uma vida melhor

A crise que aí se encontra
servindo como justificativa para a inércia de muitos
de uma forma ou de outra sempre esteve presente
e nunca foi barreira para aqueles que buscam
porque jamais faltarão caminhos
para quem se dispõe a andar

Trabalho é o nome da magia que remove obstáculos
e entusiasmo a força que torna possível todas as realizações.
O que se faz um pouco a cada dia
vale mais do que muito, feito em um dia só.
Paciência e perseverança é o segredo de toda conquista.

Os tempos nunca parecerão difíceis
quando a gente sabe aonde quer ir
e para lá se dirige com fé, amor e audácia

Se a inteligência e a coragem ditarem as suas ações
se o coração guiar cada um dos seus passos
se o Espírito a tudo presidir
então você pode acreditar que pode
porque somente o êxito será de fato
algo inevitável em sua vida

E você acreditando que pode, poderemos
porque, juntos,
somos infinitamente mais!




quarta-feira, 18 de maio de 2022

# “OS SONHOS DO REI" CONTO INDIANO

   




  Um dia, um rei teve um sonho: sentado em seu trono, no salão central do palácio, ao olhar à sua volta, viu que várias raposas entravam e saíam pelas janelas do salão, correndo de um lado para o outro, à sua volta. Assustado, chamou seus áugures e conselheiros e lhes pediu que decifrassem o sonho, mas nenhum deles deu uma resposta que lhe satisfizesse. Mandou, então, que se espalhassem proclamas por todo o reino descrevendo seu sonho e prometendo a recompensa de um saco de moedas de ouro para quem o decifrasse satisfatoriamente.


  No meio da floresta, um lenhador muito pobre, de nome Ravi, leu o proclama e pensava, sentado em um tronco de árvore, sobre como seria bom se ele soubesse o significado daquele sonho, pois um saco de moedas de ouro o redimiria de sua miséria. Quando assim pensava, pousou um belo e pequeno pássaro colorido próximo dele, no tronco, e lhe falou:

  “- O que o entristece, Ravi? Gostaria de saber o significado deste sonho do rei?”
Ravi se assustou:

  “- O quê? Um pássaro que fala!”

  “- Não só falo, como também sei o significado deste sonho, e posso te contar, com a condição de que você volte aqui e divida este saco de ouro comigo. Combinado?”

  Bem, pensou Ravi, meio saco de moedas de ouro é sempre melhor do que nenhum saco de moedas de ouro; assim, ele concordou com a condição do pássaro, e este prosseguiu:

“- O sonho do rei significa que o ar do reino está impregnado de traição; que ele se acautele para que não seja traído!”

  Assim, Ravi foi e se apresentou ao rei, que, muito grato pela explicação, que coincidia exatamente com o que ele já intuía estar acontecendo, deu-lhe de imediato o saco de moedas de ouro. Porém, no caminho de casa, Ravi começou a pensar:

  “-Minha miséria é tamanha que necessitava de todo este saco de ouro para me redimir dela, e não apenas metade. Também, para que um passarinho necessita de moedas de ouro, cada uma delas quase do seu tamanho? Que miserável explorador! O que vai fazer com isso? “

  Assim pensando, resolve tomar outro caminho para casa, evitando o ponto de encontro com o pássaro e guardando todo o ouro para si. Com as moedas, pôde construir uma casa bem melhor e mais confortável do que sua choupana, e ali viver com relativo conforto.

  Um dia, porém, passado algum tempo, o rei tem outro sonho: sentado em seu trono, ao olhar para cima, viu que havia um punhal pendente do teto, prestes a cair sobre sua cabeça. Assustado, acorda e chama seus guardas:

  “- Não chamem ninguém; vão diretamente à casa daquele lenhador, Ravi, e o tragam aqui. Só ele entende de sonhos, neste reino. Diga-lhe que lhe darei dois sacos de moedas de ouro como recompensa.

  Qual não foi a surpresa de Ravi ao ver a guarda real em sua porta; tentou se esquivar do convite, mas foi informado pela mesma que a recusa a um convite do rei era punida com a morte. Assim, pediu que lhe contassem o sonho e lhe dessem um dia para pensar; no dia seguinte, estaria com o rei. Quando os guardas se retiraram, porém, entrou em desespero: como faria para salvar a sua vida?

  Sua única saída foi voltar à floresta e sentar-se naquele tronco, pondo-se a lamentar. Em breve, o pássaro veio:

  “- O que houve, Ravi? O rei teve um novo sonho?

  “- Sim… Se puder me ajudar, comprometo-me a, seja lá o que for que eu receba, dividir contigo, com certeza!”
– Então, o pássaro, aceitando a proposta, falou:

  “- O sonho do rei indica que o ar do reino está impregnado de violência; vai e diz a ele para que se acautele para não ser vítima de nenhum ato violento!”

  Ao falar do significado do sonho ao rei, este, mais radiante que nunca, entregou a Ravi, os dois sacos de ouro. No caminho de volta para casa, porém, Ravi pôs-se a pensar:

  “- Como esse passarinho é desleal e aproveitador! Usa minha dor e aflição para enriquecer às minhas custas! É um vil e ordinário! Já terá sua recompensa em uma bela pedrada!”

  Com este pensamento em mente, Ravi se dirige ao local do encontro; pega uma pedra na mão e a esconde às costas.

Quando o pássaro se aproxima, ela a lança com força, mas o pássaro, espertamente, levanta voo a tempo, e a pedra apenas passa de raspão. Assim, Ravi volta para casa e passa a viver com ainda maior comodidade e luxo.

  Porém, o tempo gira, e, um dia, o rei tem um novo sonho. Agora, sentado em eu trono, vê ovelhas muito brancas entrando e saindo pelas janelas, e correndo à sua volta. Sem hesitações, chama sua guarda e manda que tragam Ravi à sua presença, com a promessa da recompensa de três sacos de ouro.

  Perplexo ante a guarda á sua porta, Ravi usa a mesma estratégia de ouvir o sonho e pedir um dia para pensar. Porém, agora, seu desespero é total e sem perspectivas: se é que o pássaro sobreviveu, como haveria de confiar nele novamente, após quase morrer através de suas mãos? Como havia sido estúpido, ingrato e brutal! Reconhecendo seu erro passado, chorou amargamente.

  Sem ter mais o que fazer, Ravi arrastou-se até a floresta e sentou-se no antigo tronco. Para sua surpresa, o pássaro, em breve, aproximou-se e pousou ao seu lado:

“-Novo sonho do rei, Ravi?”

  Sem caber em si de alegria, Ravi pôs-se de joelhos ante o pássaro, pedindo-lhe mil perdões por sua conduta passada. O pássaro, sem dar muita atenção a estas demonstrações de arrependimento, concordou em dizer o significado do sonho, com a mesma condição de sempre: metade da recompensa.

  “- Diga ao rei que as ovelhas representam pureza; agora, há pureza e honestidade impregnando o ar do reino. Que ele desfrute e fique em paz.”

  Correndo na direção do rei e relatando o sonho, Ravi recebeu abraços e condecorações de um soberano ainda mais feliz, pois, afinal, agora a notícia era boa. Ao receber seus três sacos de moedas de ouro, Ravi, desta vez, finalmente, mostrou-se sinceramente determinado a corrigir seus erros passados, e foi ao ponto de encontro:

  “- Aqui está, belo pássaro colorido: o meio saco de ouro que te devia da primeira vez, um saco de ouro que te devia da segunda vez e um saco e meio que te devo por este terceiro sonho. Ao todo, três sacos de ouro, tudo o que acabo de receber, além de meu pedido de perdão.”

  Para sua surpresa, porém, o pássaro lhe disse:

“- Não necessito de moedas de ouro, Ravi; tudo o que preciso são sementes para me alimentar, um galho para pousar, asas para voar e meu canto, para embelezar meus dias. Tenho tudo isso sem necessitar de ouro. Também não necessito de seu pedido de perdão, pois nunca esperei que você agisse de maneira diferente. No primeiro momento o ar do reino estava impregnado de traição, e você me traiu; no segundo momento, o ar do reino estava impregnado de violência, e você foi violento comigo. Agora, o ar do reino está impregnado de pureza e honestidade, e você está sendo puro e honesto comigo. Poucos homens são capazes de serem fieis a si mesmos, sem se deixarem contaminar pelo ar à sua volta, e nunca esperei que você fosse um deles. Leve seu ouro e seja feliz se puder, apesar da miséria continuar vivendo dentro de ti.


 Texto extraído (linguagem adaptada) do Katasaritsagara, ou “Oceano do rio de contos” indiano.

terça-feira, 10 de maio de 2022

#Conto Zen - No topo da montanha

 


Conta um conto zen....... que “estava um homem sentado no alto de um monte enquanto três outros, lá embaixo, discutiam o que estaria ele fazendo lá em cima. O primeiro disse:

- Acho que ele perdeu  algum animal, e está procurando-o.  

- Não creio, - falou o segundo – se ele estivesse procurando algum animal, ele não estaria parado, estaria em movimento. O mais certo é que ele esteja esperando um amigo.

- Também não - apostou o terceiro – se ele estivesse esperando um amigo ele estaria olhando de um lado para o outro, com ar de quem procura. Na minha opinião ele deve estar meditando. 

Os três subiram ao alto do monte para indagar ao homem:

- O senhor está procurando algum animal? – perguntou o primeiro.

- Não. – respondeu o homem – eu não tenho nenhum animal, e por isso não poderia estar procurando  animal algum.

- Já sei – disse o segundo – está esperando algum amigo, não é?

-  Não. Não tenho amigos e nem inimigos – retrucou o homem.

-  Não disse? – interveio o terceiro – você está meditando, não está?

-  Não. – falou o homem.

-  O que está o senhor fazendo, então? - indagaram os três.

-  Nada. – respondeu o homem”.

sábado, 7 de maio de 2022

# Conto budista - Da árvore- Por Paulo Coelho #

Um mestre budista viajava a pé com seus discípulos, quando reparou que discutiam entre si quem era o maior entre eles.

- Pratico meditação há quinze anos – dizia um.

- Faço caridade desde que saí da casa de meus pais – dizia outro.

- Sempre segui os ensinamentos de Buda – dizia um terceiro.

Ao meio-dia, pararam debaixo de uma macieira para descansar. Os galhos estavam carregados, e vergavam até o chão com o peso das frutas.

Então o mestre falou:

- Quando uma árvore está carregada de frutos, seus ramos se abaixam e tocam o chão. Desta maneira, o verdadeiro sábio é aquele que é humilde.

“Quando uma árvore não tem frutos, seus ramos são arrogantes e altivos. Desta maneira, o tolo sempre se crê maior que seu próxi­mo”.

domingo, 23 de janeiro de 2022

#Em uma tarde de outono _ Poesia Olavo Bilac

 

Outono. Em frente ao mar. Escancaro as janelas
Sobre o jardim calado, e as águas miro, absorto.
Outono... Rodopiando, as folhas amarelas
Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto...

Por que, belo navio, ao clarão das estrelas,
Visitaste este mar inabitado e morto,
Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas,
Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto?

A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos
A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos...
Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol!

E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste,
E contemplo o lugar por onde te sumiste,
Banhado no clarão nascente do arrebol...

Olavo Bilac (1865—1918) foi um poeta, escritor e jornalista brasileiro.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

#AQUISIÇÃO DA CONSCIÊNCIA- JOANNA DE ÂNGELIS

 


    "O momento da conscientização isto é, o instante a partir do qual consegues discernir com acerto, usando como parâmetro o equilíbrio, alcanças o ponto elevado na condição de ser humano.

    Efeito natural do processo evolutivo, essa conquista te permitirá avaliar fatores profundos como o bem e o mal, o certo e o errado, e o dever e a irresponsabilidade, a honra e o desar, o nobre e o vulgar, o lícito e o irregular, a liberdade e a libertinagem.

    Trabalhando dados não palpáveis, saberás selecionar os fenômenos existenciais e as ocorrências, tornando tuas diretrizes de segurança aquelas que proporcionam bem-estar, harmonia, progresso moral, tranquilidade.

    Essa consciência não é de natureza intelectual, atividade dos mecanismos cerebrais. É a força que os propele, porque nascida nas experiências evolutivas, a exteriorizar-se em forma de ações.

    Encontramo-la em pessoas incultas intelectualmente, e ausente em outras, portadoras de conhecimentos acadêmicos.

    Se analisarmos a conduta de uma especialista em problemas respiratórios, que conhece intelectualmente os danos provocados pelo tabagismo, pelo alcoolismo e por outras drogas adictivas, e que, apesar disso, usa, ele próprio, qualquer um desses flagelos, eis que ainda não logrou a conquista da consciência. Os seus dados culturais são frágeis de tal forma, que não dispões de valor para fomentar uma conduta saudável.

Por extensão, a pessoa que se permite o crime do aborto, sob falsos argumentos legais ou de direitos que se faculta, assim como todos aqueles que o estimulam ou o executam, incidem na mesma ausência de consciência, comportando-se sob a ação do instinto e, às vezes, da astúcia, da acomodação, mascarados de inteligência.

    Outros indivíduos, não obstante sem conhecimento intelectual, possuem lucidez para agir diante dos desafios da existência, elegendo o comportamento não agressivo e digno, mesmo que a contributo de sacrifício.

    A consciência pode ser treinada mediante o exercício dos valores morais elevados, que objetivam o bem do próximo, por consequência, e próprio bem.

    O esforço para adquirir hábitos saudáveis conduz à conscientização dos deveres e às responsabilidades pertinentes à vida.

    Herdeiro de si mesmo, das experiências transatas, o ser evolui por etapas, adquirindo novos recursos, corrigindo erros anteriores, somando conquistas.

    Jamais retrocede nesse processo, mesmo quando, aparentemente, reencarna dentro das paredes de enfermidade limitadora, que bloqueiam o corpo, a mente ou a emoção, gerando tormentos.

   Os logros evolutivos permanecem adormecidos para futuros cometimentos, quando assomarão, lúcidos.

   A aquisição da consciência é desafio da vida é o autoconhecimento, que merece exame, consideração e trabalho.

   A tua existência terrena pode ser considerada uma empresa que deves dirigir de forma segura, a mais cuidadosa possível.

    Terás que trabalhar dados concretos e outros mais abstratos, na área da programação de atividades, e fim de conseguires êxito. Todo emprenho e devotamento se transformarão em mecanismos de lucro, a que sempre poderás recorrer durante as situações difíceis.

    Algumas breves regras ajudar-te-ão no desempenho do empreendimento, tais:

. administra os teus conflitos. O conflito psicológico é inerente à natureza humana e todos o sofrem;

. evita eleger homens-modelos para seguires. eles também são vulneráveis às injunções que experimentas, e, às vezes, comprometem-se, o que, de maneira alguma deve constituir desestímulo;

. concede-te maior dose de confiança nos teus valores, honrando-te com o esforço para melhorar sempre e sem desânimo. Se erras, repete a ação, e se acertas, segue adiante;

. não te evadas ao enfrentamento de problemas usando expedientes falsos, comprometedores, que te surpreenderão mais tarde com dependências infelizes;

. reage à depressão, trabalhando sem autopiedade nem acomodação preguiçosa;

. tem em mente que os teus não são os piores problemas, eles pesam o volume que lhes emprestas;

. libera-te da queixa pessimista e medita mais nas fórmulas para perseverar e produzir;

. nunca cedas espaço à hora vazia, que se preenche de tédio, mal-estar ou perturbação;

. o que faças, faze-o bem, com dedicação;

. lembra-te que és humano e o processo de conscientização é lento, que adquirirás segurança e lucidez através da ação contínua.

Interessado em decifrar os enigmas do comportamento humano, Allan Kardec indagou aos Benfeitores e Guias da Humanidade, conforme se lê em O Livro dos Espíritos, na questão número 621:

- Onde está escrita a lei de Deus?

- Na consciência. - Responderam com sabedoria.

A consciência é o estágio elevado que deves adquirir, a fim de seguires no rumo da angelitude."

Joanna de Ângelis

sábado, 8 de janeiro de 2022

#MITO DA CAVERNA E A COSMOLOGIA


   

    Platão , era grego, como sabemos um dos mais importantes filósofos do período clássico de nossa história, Viveu pelos anos de 428 a 347 A.C. e sempre estava com seu grande mentor Sócrates e de seu aluno Aristóteles. Que trio heim !!!! Altos papos rolavam por ali....

   Sócrates sempre insistia com seus pupilos que a filosofia deveria sempre falar das questões cotidianas, falar de pessoas comuns, assim como ele, que era filho de pedreiro e de uma parteira. Não deixou suas ideias escritas, como conjunto de suposições, teorias, mas os seus fiéis discípulos Platão e Xenofonte deixaram para nós os relatos da vivência de seu grande mentor.

     Sócrates nos convida a sempre reavaliarmos nossas ações, emoções, para que possamos desenvolver habilidades para modular as nossas reações negativas diante de certos conflitos, para que em mudando nossas crenças e emoções vamos conseguir ressignificar  nosso vivido para o pensamento de positividade, alteridade e otimismo, ao que já na pós modernidade, se podemos chamar assim, os neurocientistas chamam de “reavaliação cognitiva”, onde podemos utilizar a habilidade de plasticidade de nosso cérebro, como já falava o filósofo estoico grego Epiteto : ” Não há nada mais manipulável do que a psique humana.”

   Seguindo seu grande mestre, Platão nos traz seu pensamento dizendo que através do conhecimento é possível captar a existência do mundo sensível. No seu livro A República , ele nos fala do mito da caverna.

   Em síntese o mito da caverna , nos fala de prisioneiros que desde o seu nascimento, vivem atados em correntes em uma caverna e todo o tempo ficam olhando para a parede em frente. Esta parede é iluminada por uma fogueira que fica atrás deles. Nessa parede são projetadas suas sombras, suas formas, e todos passam o tempo todo olhando para as sombras, dando nomes, e tentando entender o que sempre se repetia. Um dos prisioneiros escapa para o mundo exterior, e vê a luz do sol, e compreende a vida. Pensa em voltar a caverna e contar aos amigos sobre tudo que aprendeu. Mas teme ser tido como lunático.

   Simbolicamente podemos dizer que : a caverna – é o nosso mundo, onde somos os prisioneiros na eterna repetição de falsas crenças, o fogo – é a luz do sol do conhecimento, o prisioneiro que foge representa o anseio de nossa alma de libertar-se da sombra de sua ignorância , mas ainda temerária por revelar-se.

   O mito da caverna é uma metáfora que acompanha nosso processo civilizatório. Somos ainda prisioneiros da sombra do poder, do orgulho, da vaidade, que nos afastam dos reais contornos, cores e formas que a lógica do bom senso nos propõe como reflexão.

   As trevas da ignorância de nossa complexidade metafísica expressam-se como os prisioneiros da caverna que viam suas projeções na parede gigantesca, ficavam admirados de algo tão maior que eles mesmos, se iludiam, e não prestavam atenção em si mesmos, viviam da forma e não se questionavam sobre sua essência, transcendência.

   Na nossa contemporaneidade fico a pensar que estamos ficando presos na caverna do tecnocentrismo, da ditadura cibernética. Somos treinados desde a infância a viver com pressa, automatizados, que tudo podemos e conseguiremos se corrermos muito.

   O mundo, como somos induzidos a acreditar, tornou-se uma caverna sombria com simulacros  de coisas  que imaginamos necessitam  ser consumidas e aproveitadas, alimentados pela cultura da escassez, que gera medo e competição.  A pressa e o vazio  existencial são fruto disso, das oportunidades que não podemos perder. Elas são infinitas se acreditamos nelas. E por conta disso, muitas pessoas perdem o limite  e atropelam a  ética.

   Nada contra o movimento tecnológico, só acho que estamos ficando muito dependentes destes mecanismos que sustentam vertiginosamente o modelo capitalista, consumista e com pouca ética. Onde o desrespeito ao Humano, é sobreposto aos PIBs, as taxas de juros, a busca dos algorítimos  que tudo sabem de nós, se duvidar, até mais... superfaturamentos, enfim  a métrica dos números.  E  os orçamentos  encolhem para Cultura, Educação e Saúde no Brasil.

    E aqueles que saem da caverna,  estão na resistência deste mundo invadido de fake news.     Vivemos grande parte de nosso dia nas redes sociais e esta  interação permitida pelo uso de dispositivos e as potencialidades das tecnologias de informação de comunicação contribuem para repensarmos  as dinâmicas sociais, de que maneira , estamos nos conectando com a rede de informações, a rede de poder. onde o discurso do ódio e da desagregação social, se instala deixando prejuízos as vezes irreparáveis.
 
    Aquele que retorna  para a caverna,  dividiu com os que ali estavam os conhecimentos e novidades que teve contato no momento que passou fora da caverna. Mas foi ridicularizado pelos companheiros que ainda estavam presos, pois eles só enxergavam as sombras e acreditavam que o que estava ali refletido era única verdade possível

   Quantas pessoas se iludem em crenças rígidas, conceitos estáticos e se esquecem que o conhecimento deve passear, fluir, entender o aspecto existencial da Cosmogênese, que é uma visão mais ampla, estrutural do Universo. Um sopro aqui, reflete em todo Universo. Estamos em teia, e não em cavernas isoladas. O Universo tem 13 bilhões de anos,  e nós também temos essa idade.

  A nossa Mãe Terra, nos oferece tanto, só que seus bens e serviços são limitados, e o homem em sua ânsia de explorador, empreendedor,  colonizador, "veem" estes recursos como ilimitados, apesar dos alertas científicos  e das grandes organizações defensoras do meio ambiente.

   E aí vemos aqueles que dizem que a terra é plana,  vacinas transformam pessoas em jacarés, que não há aquecimento global e outras baboseiras, sem fundamentação científica. 

  Os recursos de nosso Planeta estão se exaurindo. A nossa comunidade de vida, nos pede agora e sempre cuidado, reflexão, compaixão e amor pela nossa Terra,  para que saiamos da escuridão de nós mesmo, das amarradas, dos apegos,  da cegueira que nos atrelam a caverna da ignorância para que possamos nos despojar de nosso instinto acumulador, egocentrista e percebermos que a cada ano some 100 mil espécies de seres vivos do planeta, dado a voracidade se alguns que querem brincar de "pequeno deus".

  Somos seres  do Cosmos.   A experiência  pandêmica, covid -19,  é uma  boa janela para refletirmos  na possibilidade de  uma visão mais orgânica da vida. Nós e o Universo estamos emaranhados.

   E fico aqui pensando..... como é difícil mudarmos, mas também como é possível tentarmos....


Jane

"Quem acusa os outros pelos próprios infortúnios revela uma total falta de educação; quem acusa a si mesmo mostra que a sua educação já começou; mas quem não acusa nem a si mesmo nem aos outros revela que sua educação está completa."

Epíteto (55-135 d.C.) filósofo estoíco da Grécia antiga.






quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

#POESIA DAS CORES



Gente que pinta, gente que canta 
muitas cores, poucas palavras.
Passando em rabiscos na lousa da vida.

Há tantos tons para uns e tintas só pastéis para outros.
as cores que eram fortes agora pálidas,
na mente só este tom monocromático
a realidade, colore diferente
as ilusões são sinfonia sem Maestro.

Gente que pinta, gente que canta
luz, sombra, tom, estrelas,
sentimentos na fissura escura da solidão
sombras que espelham nas paredes as mesmas imagens amorfas
ecos, conflitos, gritos, perguntas, esperanças,
cores nas pedras pintadas do ancestral irmão.

Caverna das ilusões
Gente que já passou, gente que chega
sempre a mesma sentença milenar
medo de sentir os sentimentos
Silêncio na voz da sombra,
Necessidade de apontar novos rabiscos a seguir
conquistar a cor perdida.

Vontade de expressar o arco íris do viver.
No abandono da ilusão de imagens orvalhadas que o choro escondeu.
Revendo sentimentos.
Intuição silenciosa da verdade
Tanto signos, tantos significados, tantos tons.
Inefável poesia das letras , maravilhosa alquimia das cores.
Caleidoscópio de emoções.

Diferenças no olhar,
sensibilidade no falar,
encontro com as cores,
Consciência a despertar

Mais um dia que nasce,
raio solar em silêncio
irradia a verdade das cores
afirma a existência.
Sopro de luz, presença do Amor.
Vento da renovação .

Gente que vem e gente que fica .

Jane.

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

#VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E PANDEMIA 2020/2021


    Não houve país que escapasse da pandemia de coronavírus, assim como nenhum ficou à margem da explosão de agressões machistas que veio com a doença, um flagelo que se agravou em todo o mundo devido às restrições impostas pela covid-19.

 A violência contra a mulher  é herança de um modelo construído historicamente, forjado pela instituição patriarcal.
     Porém novos fluxos para diálogos vem se tornando permeáveis , ao discurso da intolerância e opressão na busca  de uma equidade , ou seja, retidão , imparcialidade , ética e justiça  sobre o humano, NÃO DIGO SOBRE O FEMININO, MAS O HUMANO, QUE ENVOLVE A   NOSSA ESPÉCIE,  que precisa revisitar valores éticos, estéticos, solidários, do bem do belo, que  através de uma retomada a sua soberana razão, logos, perceba a necessidade de  discussões em  coletivos, movimentos sociais, grupos feministas, grupo de classes trabalhadoras, sindicatos, movimentos inter-religiosos, movimentos etnicos, onde a organização social civil  e institucional se organizem para fazer circular  tais ações reflexivas, que tratem a nossa civilização com o respeito que ela tem, mas insistem em não ver, ignorar, talvez seja a grande autossabotagem que estamos fazendo  conosco contra a Mãe Terra, que vem agora, nos cobrar a conta.
 A devolutiva  dessas ações será a de 
 cobrar do Estado a promoção de políticas públicas que vejam a pluralidade das constituições familiares em seus vários arranjos e  suas necessidades.

   Herdamos  todas as forças de opressão e conseguimos, consolidar, construir e infelizmente reproduzir, quais sejam os preconceitos de raça, categorias de gêneros , e suas relações de poder, onde nossas crenças e ideologias "fecharam as portas ao diálogo" e ao desenvolvimento do  processo civilizatório, que sempre nos convida  a ver nossa humanidade, nos sinalizando sempre que verdadeiramente somos filhos da mãe  TERRA, logo somos todos iguais. Foi preciso que números alarmantes de violência contra a mulher surgissem na pandêmia covid-19, para reacender a chama do diálogo. Desvelar o que já estava exposto, mas invisível , tamponado às estatísticas e ao poder público.
    Mas parece que a modernidade líquida se apossou de nosso ego, nos tornando seres mais apegados, consumistas, opressores e naturalmente menos questionadores e solidários. Somos seres de relação, interdependentes, queiramos ou não.
        A identidade de gênero forma-se a partir do entendimento da convicção que se tem de pertencer a um sexo, sendo, pois, uma construção social feita a partir do biológico. Neste processo, o sexo e os aspectos biológicos ganham significados sociais decorrentes das possibilidades físicas e sociais de homens e  mulheres, delimitando suas características e espaços onde podem atuar.
     Recebemos do patriarcado o modelo machista, os pecados da igreja, a subalternidade da mulher, como algo menor, sem direitos, sem voz, e assim gerações construíram esta sociedade que hoje é impregnada de preconceitos e desvalorização das mulheres, que pouco a pouco na contramão vieram alcançando seus direitos sociais, políticos e trabalhistas ao longo dos anos por meio de movimentos reivindicatórios, onde ocupam seus espaços com delicadeza e firmeza, reconhecendo seu protagonismo sociopolíticocultural no processo civilizatório.
  As situações de violência contra a mulher resultam, principalmente, da relação hierárquica estabelecida entre os sexos, carimbada ao longo da história pela diferença de papéis instituídos socialmente a homens e mulheres, fruto da educação diferenciada.       Assim, o processo de machismo e feminismo, desenvolve-se por meio da escola, família, igreja, amigos, vizinhança e veículos de comunicação em massa.
  Violência contra a mulher se manifesta de  diversos tipos  – desde assédio moral até homicídio – que se manifestam contra ela porque ela é mulher. É uma forma de violência de gênero, ou seja, quando uma pessoa é agredida por ser – mulher, transexual, travesti, homossexual – pelo sexo oposto. 
Esses crimes são a maior maneira de violar os direitos humanos da mulher, sua integridade física, psicológica e moral.
   A Organização das Nações Unidas (ONU) iniciou seus esforços contra essa forma de violência, na década de 50, com a criação da Comissão de Status da Mulher que formulou entre os anos de 1949 e 1962 uma série de tratados baseados em provisões da Carta das Nações Unidas — que afirma expressamente os direitos iguais entre homens e mulheres e na Declaração Universal dos Direitos Humanos — que declara que todos os direitos e liberdades humanos devem ser aplicados igualmente a homens e mulheres, sem distinção de qualquer natureza.
  Marco importante também na promoção dos direitos das mulheres  foi a DECLARAÇÃO E PLATAFORMA  DE AÇÃO  DE PEQUIM,  elaborado em 1995, durante a IV Conferência mundial sobre a mulher em Pequim, China. O evento ainda é o mais importante momento na conquista dos direitos das mulheres no mundo: pelo número de participantes que reuniu, pelos avanços conceituais e programáticos que propiciou, e pela influência que continua a ter na promoção da situação da mulher. Por exemplo, tanto a afirmação de que os direitos das mulheres são direitos humanos, quanto o objetivo de empoderamento da mulher, provêm deste encontro. Ali, foi feito um acordo adotado por 189 governos comprometidos com a promoção da igualdade de gênero.  Lá se vão 25 anos e tão pouco caminhamos para as metas propostas.
      Em 2010 temos a ONU Mulheres – A ONU Mulheres foi criada,  para unir, fortalecer e ampliar os esforços mundiais em defesa dos direitos humanos das mulheres. Alcançar a igualdade de gênero, empoderar todas as mulheres e meninas e realizar os seus direitos humanos é a missão incorporada pela ONU Mulheres em relação à Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável e aos 17 objetivos globais. Como contribuição à Agenda 2030, a ONU Mulheres está promovendo parcerias para acelerar e concretizar os compromissos de governos, empresas, sociedade civil e outros setores, para a eliminação das desigualdades de gêneroonumulheres.org.br 

      A violência psicológica é tão perversa e cruel quanto a física.
      A literatura especializada em saúde mental, vem demonstrando associação de risco entre a experiência da violência e o desenvolvimento de agravos, de ordem física e mental, os quais repercutem na diminuição de "anos saudáveis de vida" das mulheres    As consequências da violência doméstica são agravos que vão desde um empurrão leve até à morte.
 Sendo de natureza crônica, a agressão à mulher vai além dos traumas e dos agravos visíveis (quebraduras, torções), estando associada a problemas como: baixo peso ao nascer (dos filhos), problemas gastrintestinais (úlceras, colites), queixas ginecológicas (abortos, gravidezes indesejadas e repetidas em curto espaço de tempo, doenças sexualmente transmissíveis, hemorragias, lesões, dores pélvicas, leucorréias repetidas e infecções), abuso de álcool e outras drogas, queixas vagas, depressão, insônia, suicídio, sofrimento mental, lesões e problemas crônicos, como distúrbios alimentares, dores abdominais e de cabeça, e até artrite, hipertensão e doenças cardíacas .
       Muitas mulheres  relatam que ambientes familiares que já eram violentos antes da pandemia ficaram mais agressivos diante da falta de dinheiro –  e do convívio em tempo integral dos familiares dentro de casa.  
     Na  atual Pandemia , relatórios apontam que  no Brasil,  São Paulo , desde a quarentena em 24 de março 2020 , a Policia Militar registrou aumento de 44,9 % no atendimento a mulheres vítima de violência, o total de socorros prestados passou de 6.775 para 9.817.      Casos de feminicídios, que é  um termo de crime de ódio baseado no gênero, amplamente definido como o assassinato de mulheres em contexto de violência doméstica ou em aversão ao gênero da vítima , misoginia, dentro de seus contextos sociais específicos, subiram de 13 para 19 ( 46,2%). No Rio de Janeiro o aumento foi de 50% nos casos de violência doméstica , logo nos primeiros dias da quarentena. 

Aumento da violência doméstica no mundo 2020

Abaixo, dados da ONU Mulheres e da OMS sobre o aumento da violência doméstica nos países afetados pela pandemia de coronavírus:
#Na França, o registros de casos de violência doméstica aumentou em 30% desde 17 de março, quando o país decretou a quarentena – em Paris, o aumento foi de 36%.
#Na China, as denúncias de violência contra a mulher triplicou durante o período de confinamento, entre janeiro e começo de abril.
#Na Argentina, houve aumento de 25% nas denúncias telefônicas desde 20 de março, quando o país adotou medidas de isolamento.
#Em Singapura, o aumento nos registros de denúncias foi de 30% em março.
#Na Malásia e no Líbano, as denúncias de violência contra a mulher duplicaram durante o período de confinamento.
#No Canadá, França, Alemanha, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos, autoridades governamentais relatam crescentes denúncias de violência doméstica e aumento da demanda para abrigo às vítimas.

       Estratégias para enfrentar a violência doméstica :
No dia 14/04/2020, a organização feminista brasileira Think Olga lançou um relatório reunindo dados sobre o aumento da violência contra as mulheres durante a pandemia de coronavírus. 
No documento, a entidade lista estratégias para as vítimas de violência doméstica adotarem :
#trazer alguém da família para casa;
#esconder objetos pontiagudos;
#retirar de casa possíveis "gatilhos" e potencializadores, como bebidas alcoólicas e drogas;
#avisar familiares e vizinhos sobre o que está acontecendo (em caso de episódios de violência);
#e manter contato com sua rede de apoio por meio de telefone e aplicativos, e-mail e outras redes sociais.

    Tanto a ONU Mulheres quanto a OMS e organizações feministas defendem que, durante a pandemia, a solução não é pôr fim ao isolamento social, mas, sim, manter ativos os serviços de proteção à mulher, aumentar o investimento em serviços on-line, declarar abrigos como serviços essenciais e oferecer suporte às ONGs locais de combate à violência doméstica.

                Neste momento redes solidárias fazem a diferença .


      #VizinhaVocêNãoEstáSozinha foi organizado por um coletivo de mulheres para formar um espaço de acolhimento e solidariedade.

    Em abril 2020 duas deputadas brasileiras, protocolizaram ação ao poder público para providenciar vagas de hospedagem em hotéis ou pousadas para estas mulheres vítimas de violência , que em quarentena, não teriam para onde ir.
    Importante também, é a aplicativo Direitos Humanos BR- Do Ministério da Mulher, Famíla e Direitos Humanos. Lá há a possibilidade de denúncia, envio de fotos e vídeos. Está disponível para Android e iOS.
    Quem sofre violência doméstica pode procurar ajuda ligando 180, serviço de informações e denúncia da Central de Atendimento à Mulher funciona 24h por dia e garante o anonimato da vítima.
    Em casos de emergência, é necessário ligar para a polícia no número 190 ou procurar uma das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), que têm caráter preventivo e repressivo, devendo realizar ações de prevenção, apuração, investigação e enquadramento legal dos casos de violência contra a mulher, respeitando os direitos humanos e os princípios do Estado Democrático de Direito. Vizinhos, conhecidos ou familiares também podem fazer a denúncia.
   Conversar com amigos e familiares confiáveis também são outras vias de auxílio, assim como procurar órgãos públicos, tais como:
Centros Especializado de Atendimento à Mulher: os Centros de Referência são espaço de acolhimento e atendimento psicológico e social, orientação e encaminhamento jurídico à mulher em situação de violência;
Casas-Abrigo: locais seguros que oferecem morada protegida e atendimento integral a mulheres em risco de morte iminente em razão da violência doméstica. O serviço é sigiloso e temporário, até que a vítima tenha condição de retomar o curso de sua vida;
Casas de Acolhimento Provisório: oferecem abrigo temporário - de até 15 dias -  para mulheres em situação de violência, acompanhadas ou não de filhos, que não correm risco iminente de morte. Além de garantir a integridade física e emocional das vítimas, realiza diagnóstico dos casos para encaminhamentos necessários.
 Procure um  CRAS ( Centro de Referência de Assistência Social) que é
 responsável pela prevenção de situações de vulnerabilidade ou de risco social e também faz  encaminhamentos para a Rede Socioassistencial através de  serviços, programas, projetos e benefícios. Quase sempre há um em  seu território, bairro.
  No  CRAS   é oferecido  o Serviço de Atendimento e Proteção Integral às Famílias (PAIF), que envolve a escuta qualificada e o conhecimento dos processos de vida e relações sociais em que uma família está inserida.


EM 2021, OS ÍNDICES SÓ AUMENTARAM. 
AS ESTATÍSTICAS OFICIAIS DEVEM SAIR  NO INÍCIO DE 2022.
 MAS O JORNALISMO A CADA DIA NO DECORRER DE 2021 DENUNCIAVA A VIOLÊNCIA CRESCENTE  CONTRA A MULHER.


Jane